O poema abaixo faz parte da exposição Scliar – 80 anos, em formato de painel – 160 x 220 cm
PASSAGEM POR SCLIAR E OURO PRETO
Romério Rômulo (2000)
verdade mineira de dizer scliar: difícil de tão fácil, relato-me e o
relato: do mineiro que sou ao gaúcho que vê ouro preto de ouro
preto, gaúcho que me descobre a ouro preto que não vi: retilínea
que eu vejo barroca. scliar analisa o tempo íntimo do tempo.
caminho-lhe a fala, de hoje, entrado, leio a palavra na paisagem:
“arme e desarme
a paisagem é outra
e a mesma
e você é o mesmo
e outro.”
armo e desarmo, sou o mesmo e outro. a paisagem: scliar e ouro
preto, outros. a paisagem: scliar e ouro preto, mesmos. scliar é fé:
estou com ele.
prestes homenageado, traço scliar, traço niemeyer. desenho e
palavra mostram a vida tanta: prestes 90 anos.
percorro trípticos, agitado, um. calmo, outro. tensão-dimensão: o ato
compulsivo-dialético do homem. O homem que scliar acredita.
caminho por flores de racionalidade. a flor de racionalidade em
scliar é emoção. cada gesto, domado. cada emoção, domada. domados,
emoção e gesto pulsam, scliar relata: “eu pinto o cheiro das flores.”
quadros claros: esta maior última de scliar. ao “sermam de terceyra
dominga” scliar soma: “e agora.”
ouro preto volta: casario sobre tela. ouro preto volta: gravura com
o grito-bandeira de manuel bandeira que scliar agita:
“meus amigos
meus inimigos
salvemos ouro preto”
corto:
“meus amigos
meus inimigos
salvemos a luta de scliar.”
por cartazes e livros, scliar gráfico apontando caminhos. mesmo
de assinar. assinatura-traço-poema: concreto-pôr-sobre.
ultra-pássaro scliar
liberto tanto
ave!