“Scliar, para mim, continua sendo sempre um “guri” como ele próprio gosta de chamar os velhos amigos. A gente se conhece há mais de meio século. De fato, já o conhecia antes de encontrá-lo pessoalmente, não só pelo seu trabalho, mas também porque era amiga do seu irmão mais moço e tinha estado em casa de seus pais. Em sua volta da FEB eu o encontrei em São Paulo – para ser mais precisa, no jantar em sua homenagem, oferecido pelos artistas e intelectuais paulistas.
Vida afora a gente foi se encontrando e ser perdendo, mas havia entre nós um elo muito forte, que era sermos os dois tão amigos de Bonadei. Depois que vim morar no Rio, assumimos definitivamente nossa irmandade. Somos vizinhos, nos vemos com muita frequência, rimos, falamos, trocamos ideias, conversamos da vida e dos sonhos, do trabalho e de tudo mais. Estreitamos os laços e isso inclui filhos e netos. Chico, o filho de Scliar, é um dos meus amigos mais queridos.
Scliar é dono da ” eterna juventude”, continua agora como sempre encantado com o novo, fazendo planos, sempre aberto ao que está por vir e confiante no futuro. Graças ao seu otimismo se mantém de bem com a vida e acreditando num mundo melhor, mesmo nos momentos difíceis. um de seus traços mais bonitos é a generosidade com que se relaciona com os amigos e com os seres em geral.
Sua renovação contínua faz de cada quadro uma descoberta que o alegra, e isso passa quando olhamos sua obra. Sempre produziu muito e continua produtivo e criador aos oitenta anos como se fosse um jovem, mas o entusiasmo juvenil fica acrescido da maestria que o tempo constrói.
Gosto muito de ser sua amiga e fico feliz em poder dizer isto por escrito com todo o carinho que Scliar merece de mim e de todos.”
Edy Lima (2000)