“Meu filho Carlitos:
Predisse sempre que serias um fenômeno estranho. Estamos casados há quarenta anos e nosso filho tem cinquenta. Talvez contes a teu favor, em triplo, os anos de guerra, ou, quem sabe, se trata de uma das farsas dignas de teu homônimo, o outro Carlitos.
Em todo caso, como todos os verdadeiros artistas, tu és e permanecerás jovem, amo-te e acolho-te no tempo-espaço da arte, que é eterna.
Abraço-te, Arpad”
Arpad Szenes, (Paris, 24/2/1970)
” Ao Carlos,
Scliar que me perdoe – não sou escritora…
Eu o conheço há tanto, tanto tempo. Eu e Arpad amamos o que ele faz, a simplicidade de seus temas, mas também sua seriedade, sua tenacidade, suas cores combinadas, seu desenho apurado, suas composições amplas e estreitas, a diversidade de seus ritmos, sua obstinação e sua criatividade, pintando o que quer do jeito que ele acha que deveria ser: o melhor e o mais generoso, e eu vejo sua pintura calma, contida, tensa como uma cantate grave nos dias de festa.
Fielmente a ti
Maria Helena”
Maria Helena Vieira da Silva (1990)