Anna Letycia

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“Ou tu és um monstro de força, ou bem me podias ensinar como construístes tua casa no meio da ventania.”

é o amigo constante,

é a presença solidária,

é o pintor famoso,

o trabalhador incansável

que perturba aquele que ao seu lado

tenta acompanhar seu ritmo,

(o que já por diversas vezes aconteceu comigo).

é o operário-padrão,

é o artista criador de mundos imaginados,

embora vistos e revistos,

é o “poeta, recuperador da presença perdida”,

é o cinéfilo exacerbado,

é o que não explode em rancor, mas em soluços,

porque “por mais enterrado que esteja,

um depósito de munições é alguma coisa sempre a ir pelos ares.”

é aquele que anda sempre em preparativos:

“Vivo assim amontoando, renovando, corrigindo, experimentando, caindo e me aprumando.

Assim, não chegará jamais o dia da minha inauguração.”

é o que não teme enfrentar “denúncia de novo assalto dos homens contra os homens”.

é o guri,

é o Scliar.

 

Anna Letycia (março de 1990)