“Para Carlos Scliar, somos todos guris e gurias. Bastava isso para ser um prazer conhecê-lo. Mas Scliar reserva a alguns um tratamento ainda mais carinhoso: filhotinho e filhotinha.
Ninguém pense, porém, que este homem, por ser tão amoroso, seja um manso. Nada disso. Scliar é um combatente. Foi pracinha na Itália – de onde trouxe uma série deslumbrante de desenhos – e continua lutando a vida toda. Seu trabalho gráfico, das gravuras de passeatas ao álbum comemorativo dos 500 anos de Brasil, é pura guerrilha.
As dunas de Cabo Frio, a importação de tintas, a escola do Parque Laje, a liberdade e a justiça, a música e o cinema -– as frentes de batalha são muitas. Ele só não briga com os justos, as telas, as cores e os pincéis.
E a pintura de Scliar? Não se fala dela?
Estamos falando. Porque Scliar é um só. O homem e seu trabalho. O operário e sua arte. Inteiro. Íntegro.”
Ana Arruda Callado (2000)